A herança genética

A herança genética é a propriedade dos seres vivos transmitirem as suas características aos descendentes.

Do ponto de vista do crescimento, a herança genética recebida do pai e da mãe estabelece um potencial ou alvo que pode ser atingido.

Poucas funções biológicas dependem tanto do potencial genético como o crescimento. No entanto, a qualquer momento, desde a concepção e especialmente nas crianças pequenas, factores ambientais podem perturbar o ritmo e a qualidade deste processo. O alcance desta meta biológica depende, na verdade, das condições do ambiente onde se dá o crescimento da criança e a sua influência é marcante.

Existem grandes variações individuais no potencial de crescimento dado pela herança genética. Observa-se, por exemplo, que a variação de altura da população adulta, saudável, do sexo masculino é cerca de 20 cm, enquanto esta mesma variação entre irmãos é de 16 cms e entre gémeos homozigoticos é de 1,6 cm.

 

A influência do factor genético no crescimento pode ser demonstrada através de vários exemplos:

 

  •     No crescimento linear

 

        - O coeficiente de correlação entre as medidas de altura dos pais e a altura/comprimento dos filhos em diferentes idades: ao nascer esse coeficiente é de 0,2 porque o crescimento do recém-nascido reflecte mais as condições intra-uterinas do que o genótipo fetal. Esse coeficiente eleva-se rapidamente, de modo a que aos 18 meses chega a 0,5, que é aproximadamente o valor que terá na idade adulta. Dos 2-3 anos até a adolescência a correlação da altura pais/criança pode ser usada para predizer padrões para a altura de crianças, em relação a estatura de seus pais.

 

    - Os coeficientes de correlação entre as medidas de estatura de uma criança em sucessivas idades e sua própria altura na idade adulta: Essa correlação do comprimento ao nascer com a altura na idade adulta é de 0,3, elevando-se rapidamente de modo que aos 2-3 anos, o seu valor é de 0,8. A implicação prática desta relação é que a altura na idade adulta pode ser estimada previamente a partir da altura aos 2-3 anos com um erro aproximado de até 8 cms. Na puberdade essa correlação diminui porque algumas crianças maturam mais cedo que outras, mas se a idade óssea for tomada em consideração é assim possível fazer-se a predição.

O baixo coeficiente de correlação observado nos primeiros anos de vida reflecte, possivelmente, a grande influência que o ambiente exerce nesta fase do crescimento, minimizando a correlação com o potencial genético. À medida que a criança fica mais velha, atenua-se a influência do ambiente, ganhando importância os factores genéticos.

 

 

 

  •     Na velocidade do crescimento das diferentes partes do corpo

 

    - As diversas partes do corpo apresentam diferentes ritmos de crescimento. Assim sendo, a cabeça no feto aos 2 meses de vida intra-uterina representa, proporcionalmente, 50% do corpo; no recém-nascido representa 25% e na idade adulta 10%.

 

    - A menarca, que expressa o crescimento do tipo reprodutivo, surge na fase de declínio do pico de crescimento da puberdade. A influência do factor genético na idade da menarca pode ser exemplificada na observação de que no oeste europeu, irmãs gémeas homozigóticas atingem a menarca em média com 2 meses de diferença, enquanto gémeas heterozigóticas apresentam uma diferença média de 12 meses no aparecimento do primeiro ciclo menstrual.